Rede Leite analisa qualidade da silagem em laboratório da Unijuí
Resultado comprovou baixa qualidade da silagem no período de estiagem
- 03/08/2012 15:29 - Atualizado em 03/08/2012 16:15
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Amostra de silagem de milho
Considerada reserva de alimento em períodos críticos, a silagem é uma garantia de que não vai faltar comida para o gado, especialmente quando não chove. Contudo, a zootecnista Juliana Comin, responsável pelo laboratório de Bromatologia e Nutrição Animal da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), acha fundamental que o produtor de leite saiba em que patamar de qualidade está a silagem que ele oferece às vacas. Essa informação, segundo Juliana, somente pode ser obtida através de uma detalhada análise, feita em laboratório.
Preocupado, o produtor Élvio Siqueira, de Boa Vista do Incra, enviou ao laboratório da Unijuí uma amostra da refeição que serviu ao plantel leiteiro no período de estiagem. Élvio tomou essa decisão após conversar com pesquisadores do Programa em Rede de Pesquisa-Desenvolvimento em Sistemas de Produção com Atividade Leiteira no Noroeste do Estado (Rede Leite), do qual ele faz parte desde 2009.
Segundo o produtor, quando o pasto no campo secou e a alimentação das vacas ficou restrita à silagem, foram verificados alguns prejuízos, como a dificuldade para se reproduzir e até óbito de uma vaca. O resultado da análise bromatológica feita na amostra de silagem enviada ao laboratório, confirmou as suspeitas: o alimento que as vacas do seu Élvio consumiram era de baixa qualidade. Segundo a zootecnista da Unijuí, isso se deve a vários fatores. “Logicamente, uma planta que se destine à silagem e que passou por um período de estiagem vai ser penalizada em termos de nutrientes, porque não teve todo o aporte que poderia ter em período regular de chuvas para poder fazer suas composições químicas. No caso, a silagem produzida na propriedade de seu Élvio perdeu qualidade energética, ficando com baixas calorias, mesmo que o nível de proteína e de fibras estivesse adequado”. Os animais necessitariam comer uma quantidade maior dessa silagem para atingir a sua exigência calórica. Ao fazer isso, no entanto, eles também estariam ingerindo, em excesso, os demais nutrientes, como a proteína, por exemplo, o que tenderia a sobrecarregá-lo. “O animal é como nós: se comer a mais ou a menos dos nutrientes dos quais necessita, vai ter distúrbios metabólicos. Por isso é importante cuidar isso”, alertou Juliana.
Análises ficam prontas em até duas semanas
A zootecnista elucida que a análise da silagem, como qualquer outro alimento, é realizada pelo método químico tradicional. “A análise aqui realizada avalia, sobretudo, a proteína, fibra, gordura, matéria seca e matéria mineral dos alimentos. Cada fração do alimento é determinada por uma metodologia diferente. Para determinarmos a proteína contida na silagem, temos uma metodologia diferente da utilizada para a análise das fibras, por exemplo”, explicou Juliana.
O primeiro passo é a pré-secagem da silagem. A amostra é colocada em uma estufa para que o excesso de água seja retirado. O que sobrou, ou seja, a matéria seca, é pesada para se saber de quanto foi a perda de água. Em seguida, a amostra é reduzida, ou seja, moída. “Isso é necessário porque simulamos a digestão desse alimento”, esclareceu a zootecnista. Em seguida, vem a secagem definitiva que retira toda a água e informa o que de fato restou de nutrientes.
Após todos esses procedimentos, são separadas as porções para fazer as análises de proteína, fibra, gordura, matéria seca e matéria mineral. De posse dos resultados, os valores são colocados em uma planilha, onde são realizados os cálculos pertinentes. Por fim, um laudo da análise é entregue ao remetente.
A análise feita na silagem também pode ser feita em forrageiras e grãos e leva em torno de uma a duas semanas para ficar pronta.
O laboratório de Bromatologia e Nutrição Animal presta serviços à comunidade desde o início do ano. Conforme Juliana, a maior parte das análises solicitadas pelos produtores da Região Noroeste se refere a grãos. Produtores interessados em enviar amostras de gramíneas, que contém maior teor de água, devem enviá-las dentro de saco plástico, contendo entre 600 g a 1kg. “Se a entrega da pastagem ocorrer depois de alguns dias da coleta, pedimos para que a amostra seja congelada, a fim de que não ocorra perda de líquido e de nutrientes. Estando congelada, a pastagem chega aqui como se recém estivesse saído da lavoura”, assegurou a zootecnista.
Juliana recomenda que os produtores realizem análises periódicas dos alimentos. “Assim como nós, os animais precisam comer para se manter vivos e produzir carne, leite, lã ou ovos. Quanto mais qualidade, melhor serão os ganhos e o resultado de produção e maior a longevidade produtiva do animal. Se a qualidade estiver abaixo do normal, o alimento precisa ser complementado”, finalizou Juliana.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Ijuí
Jornalista Cleuza Noal Brutti
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