Seminário sobre sucessão na agricultura familiar debate êxodo rural


Tema foi discutido na Frinape 2013


Sant'Anna palestra sobre sucessão na Frinape

 “As relações que envolvem pais e filhos podem ser determinantes para que o filho permaneça ou não na propriedade.” Foi o que defendeu o pesquisador e doutor da Embrapa Pecuária Sul, Jorge Sant’Anna, no Seminário de Sucessão na Agricultura Familiar, realizado no Pólo de Cultura, dentro da programação da Frinape 2013, que prossegue até domingo (17).

Para ele, onde existe liberdade a possibilidade de haver sucessão familiar é maior. Segundo Sant’Anna, muitos fatores têm atraído jovens do meio rural para o urbano. Entre eles, a oferta de emprego pela indústria, o estilo de vida urbano com opções de lazer e internet. “Muitos destes problemas podem ser resolvidos com intervenções ou tecnologias baratas, que deixem o trabalho no campo menos penoso. Para isso deve haver a iniciativa de convencimento de que o proprietário precisa investir.”

De acordo com números apresentados, das 350 mil propriedades familiares gaúchas, 42 mil não terão continuidade até a próxima década por falta de sucessores. O pesquisador prevê que em 10 anos, essas propriedades estarão fadadas a acabar. São terras de agricultores que estão com idade acima de 50 anos e, como o trabalho do campo é penoso, logo não terão mais condições de produzir.

Entre as alternativas para reverter o êxodo, o pesquisador defende que os agricultores familiares mudem a relação com seus filhos, sendo mais inclusivos, e que estejam mais abertos a inovações. Também lembra que a educação na escola tem que valorizar mais o campo, mostrando que não é só no meio urbano que se pode pensar em melhorar de vida. Segundo o pesquisador, os agricultores podem buscar auxílio e novas ideias para sua propriedade com a extensão rural, formada pela Emater/RS-Ascar, universidades com projetos de pesquisa e extensão e também com a Embrapa.

Durante o Seminário foram debatidas ações voltadas para a permanência do jovem no campo, focando em alternativas que possam mudar a mentalidade para que as famílias permaneçam no campo. O evento também foi marcado pelo relato de experiências bem sucedidas de jovens que decidiram permanecer na propriedade das famílias Watchuk, de Itatiba do Sul, Fantin, de Severiano de Almeida, e Strapazzon, de Erechim.

‘“Dá para ter qualidade de vida, basta colocar em prática”, disse Isaias Waschuk . “Minha horta é minha renda”, disse o jovem Gean Fantin, que trabalha com hortigranjeiros, orgulhoso do rendimento e de sua atividade. O jovem Rodrigo Strapazzon também compartilhou sua experiência. “Com muito orgulho moro e pretendo continuar morando no campo”. Strapazzon relatou sua experiência de ir para a cidade e voltar para o campo. “Enfrentei preconceito por falar errado ou carregar no ‘r’”. Outro motivo que o fez retornar, foi a independência financeira acertada com a família. “Todo o agricultor é guerreiro”, disse.

O gerente regional da Emater/RS-Ascar, Valmir Dartora, lembrou que a extensão rural vem debatendo o tema e o engajamento do jovem na sucessão familiar e que o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), vem proporcionado politicas públicas para jovens e ações da Emater/RS-Ascar para a sucessão familiar.

O Seminário Sucessão na Agricultura Familiar reuniu cerca de 500 pessoas e representantes de entidades ligadas a agricultura familiar. O evento foi promovido pela Emater/RS-Ascar, Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), da Secretaria Municipal de Agricultura, Sutraf Alto Uruguai e Comissão da Festa di Bacco.


Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Erechim
Jornalista Terezinha Mariza Vilk
tvilk@emater.tche.br