Experiência de São Valério do Sul chama atenção de extensionistas


Em 7 hectares, os Olbermann dão exemplo de sustentabilidade


Gestão chama atenção de extensionistas de Santa Rosa

Uma experiência, que envolve rentabilidade, bem-estar e projeto de vida, foi apresentada, no começo de março, a 25 extensionistas da Emater/RS-Ascar da região administrativa de Santa Rosa que estão em capacitação na Empresa, durante visita a uma das propriedades da Rede Leite, em São Valério do Sul, no noroeste do Estado.

Em sete hectares, a família de Nelson e Lúcia Olbermann dá exemplo de sustentabilidade na atividade leiteira. “Se você tem tudo organizado, é mais fácil trabalhar”. Com essa afirmação, o agricultor Nelson salienta dois diferenciais da propriedade: o planejamento e a gestão. Atualmente, a produção de leite, garantida por 18 vacas em lactação, é a principal fonte de renda para o casal e para a filha de 12 anos.

Para tanto, foram realizados cursos de capacitação e investimento em melhoria na alimentação dos animais. Em todo o ano de 2006, 11 vacas produziram 54.998 litros, o equivalente a 8.986 litros por hectare. Já em 2012, ano em que a região foi atingida pela seca, o plantel de 15 vacas produziu 136.067 litros. “Neste último ano, a produtividade foi mais do que o dobro de seis anos, com apenas quatro animais a mais. Não foi necessário ampliar o plantel, mas, sim, qualificar o manejo da alimentação e dos solos”, explicou o extensionista da Emater/RS-Ascar, em São Valério do Sul, Lediomar Machado. Com o aumento do volume e da qualidade do leite, também foi ampliada a margem líquida de lucro, que em 2006 era de R$ 0,10, e em 2012 chegou a R$ 0,53 por litro de leite.

A produção de leite passou a ser priorizada na propriedade já em 1997. “Investimos na aquisição de novilhas, na implantação de pastagens perenes e na inseminação artificial. Fomos, aos poucos, sempre com o pé no chão”, relatou o agricultor. Há 23 anos, quando o casal estabeleceu-se na propriedade, a matriz produtiva era bastante diversificada. O leite ainda ocupava pouco espaço e a soja era uma das principais fontes de renda. “Em 2001, paramos de plantar soja para produzir leite. Se fosse fazer o cálculo, a renda que a soja nos dava em um ano, por vezes, pode ser alcançada mensalmente com o leite”, comenta a agricultora Lúcia Olbermann, esposa de Nelson.

No manejo das pastagens, disponíveis em 35 piquetes com 900 m² cada, está outro dos diferenciais da propriedade. Análises de solo são realizadas periodicamente para a definição do manejo. A grama tifton e a florakirke são ofertadas durante o verão em 3,5 ha, que são sobressemeadas com aveia e azevém na estação fria. São 3,3 ha de aveia, azevém e nabo, e outros 3,5 ha de aveia e azevém sobre as gramas. Além disso, o produtor tem sobra para a produção de feno. “Muito se ouve falar que plantar grama não adianta. Mas se você manejar corretamente, os resultados vêm. É preciso por adubo, dar condições para a grama crescer. O custo baixa e as vacas têm o que comer o ano todo”, afirmou Lúcia.

No verão, são cultivados 3,3 ha de milho na safra e 1,5 ha de milho “safrinha”, utilizado para a produção de silagem. Assim como é um complemento na alimentação dos animais, é uma preocupação no que se trata de mão de obra, uma vez que cada animal recebe, em média, 20 quilos de silagem ao dia. “É preciso, em primeiro lugar, pensar na qualidade de vida. Com o manejo e qualificação de pastagens, as propriedades podem reduzir a quantidade de silagem, e, assim, diminuir a penosidade do trabalho”, afirma o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Flávio Joel Baz Fagonde.
 

O assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Ivar Kreutz, destaca que a aliança entre extensão, agricultores e pesquisa estimulou a reflexão e as mudanças. Kreutz comparou a atividade leiteira com a roda da carroça: seus aros são os fatores financeiros, nutrição, solos-água-relevo, recursos humanos, bem-estar animal, manejo e genética. No centro, está a família e ao redor, a borracha de autoproteção. “A roda precisa de todos os raios e peças, sob pena de desmontar. Enfim, todos esses elementos são imprescindíveis para a gestão da atividade leiteira”, disse Kreutz.


Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Santa Rosa
Jornalista Deise Froelich

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