Entidades voltam atenções à sucessão familiar em fórum de leite
No evento, foram debatidas estratégias para a efetivação da sucessão nas propriedades rurais
- 07/11/2012 09:12 - Atualizado em 07/11/2012 09:25
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Fórum de Leite ocorreu no centro administrativo do Parque Municipal de Exposições de Santa Rosa
Para que a produção de alimentos seja garantida e o trabalho de gerações valorizado, a sucessão familiar torna-se peça imprescindível. Com essa consciência, diversas entidades se reuniram nesta terça-feira (06/11) no centro administrativo do Parque Municipal de Exposições de Santa Rosa, durante a 4ª edição do Fórum de Leite, para debater estratégias para a efetivação da sucessão nas propriedades rurais.
A Família no Campo
A preocupação é acentuada diante da perspectiva que mais de 130 mil histórias no campo sejam encerradas, em propriedades gaúchas que não têm sucessor definido. Na contramão desta realidade, a família Schulz, produtora de leite do interior de Ubiretama, tem a recompensa de ter os dois filhos por perto. Sua história e conquistas emocionou ao público presente no fórum e gerou muito debate.
Há três anos, os grãos, especialmente a soja, eram parte importante da matriz produtiva dos 12 hectares e meio da família. Hoje, o foco é o leite. No auge das pastagens de inverno, a média de produção de leite vaca/dia chegou a 32 litros . Para dar conta dessa situação, os pais contam com a ajuda e o conhecimento dos filhos.
A capacitação em uma Casa Familiar Rural começa a dar resultados na produtividade e anima o filho, Jandir Schulz, de 26 anos, a permanecer no campo. “O convívio na Casa Familiar Rural foi um dos motivos para eu permanecer na agricultura. Outro é o diálogo com os pais. A maioria dos jovens reclama que os pais não incentivam, ou seja, o jovem tem uma ideia, o pai não aceita. Mas conversando com os pais e mostrando que algo dá certo é possível que o jovem bote em prática suas idéias. Eu gosto do interior, gosto de lidar com os animais. Na cidade não me sinto bem, então é melhor ficar onde se gosta”, afirma o jovem.
A convicção dos filhos Jandir e Jilson anima aos pais. “Foi importante ir para a Casa Familiar, porque ele nos mostrou coisas novas, devagar fomos implantando e deu certo. Com os dois filhos por perto, vai continuar o que era do meu pai e vai ficar nas mãos deles”, comenta o pai, Edemar Schulz. “Eu tenho muito orgulho dos meus filhos, muito grande mesmo. Era o que eu sempre queria, ter eles por perto”, completa a mãe, Gelci Schulz.
Segundo o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, em Ubiretama, Edemar de Siqueira, “o exemplo da família Schulz comprova a importância do diálogo entre pais e filhos, algo que não ocorre em muitas propriedades e que é decisivo para a permanência no meio rural”.
O que é preciso ainda para que a sucessão familiar se estabeleça é reconhecer a qualidade de vida existente no campo, a partir do contato com a natureza e a humanização do trabalho. “A propriedade ainda é o melhor lugar para se viver. Portanto, fica o apelo para que isso não seja retirado do jovem, para que seja permitida a realização dos sonhos que carregam desde crianças”, alertou o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, na área de bovinos de leite, Flávio Joel Baz Fagonde.
Renda e Qualidade de Vida
Os pilares sustentabilidade econômica, alimentar e ambiental, alicerçam o Programa de Agregação de Renda e Sustentabilidade (PARS), desenvolvido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três de Maio e São José do Inhacorá, sob guarda-chuva daFundação de Capacitação e Desenvolvimento (Funcap), e que tem incentivado a permanência de muitos no meio rural. De acordo com Diógenes Albring, da Funcap, “não é só a renda que motiva o agricultor. É preciso se atentar também ao bem-estar familiar, portanto, o programa atende a diferentes eixos”. Análises de solos, troca de sementes, assistência técnica e incentivo à diversificação estão entre as ações do PARS.
Assistidos pelo programa, o casal Márcio e Luciane Heuert, morador de Barra do Caneleiro, interior de Progresso, dobrou sua produção de leite em dois anos. Em novembro de 2010 eram cinco vacas em lactação com produção média de 5,68 vaca/dia. Dois anos depois, o casal possui 11 vacas, com produção média de 10 litros de leite por vaca ao dia.
Márcio e Luciane também são uma das em torno de 300 famílias beneficiárias do Minha Casa, Minha Vida em Três de Maio e São José do Inhacorá. Destas famílias, 48% das que pretendem participar de algum curso de capacitação sinalizaram interessar-se pelo tema leite.
Neste contexto, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Três de Maio e São José do Inhacorá, Pedrinho Signori, esclareceu que entre os objetivos do PARS estão reduzir o êxodo rural, diversificar a produção na região, reduzir a vulnerabilidade social no meio rural, intensificar a produção de alimentos, produzir alimentos de qualidade para consumo próprio e o excedente para comercialização, e trabalhar a relação custo/benefício.
O próximo encontro do Fórum de Leite ficou marcado para o março de 2013, quando serão debatidas políticas públicas voltadas à produção leiteira, com a participação de diferentes entidades interessadas pelo tema.
Informações
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar Regional de Santa Rosa
Jornalista Deise Froelich
Fone: (55) 3512-6665
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