Relação entre pais e filhos é analisada durante encontro em Inhacorá


Foi a primeira vez que o tema pautou encontro.


Sucessão encaminhada: jovem Tainara pretende gerenciar atividade leiteira.

A harmonia familiar, mais especificamente a relação entre pais e filhos, foi apontada como um dos fatores mais relevantes para os jovens, na hora em que decidem entre viver na cidade ou na propriedade rural. O assunto pautou o encontro promovido pela Emater/RS-Ascar, na quarta-feira (24/10), na propriedade do casal Rosinha de Moura e João da Veiga, em Inhacorá. Participaram, extensionistas da Emater/RS-Ascar de seis municípios, pequenos agricultores que fazem parte da Rede Leite e o sociólogo da Embrapa Pecuária Sul, Jorge Sant’Anna. “É evidente que os jovens irão preferir a cidade se tiverem pais que os tratam como ‘nada’”, disse Sant’Anna.

Essa foi a primeira vez que um encontro da Rede Leite aprofundou o tema sucessão rural, proposto pela coordenadora de Bem Estar da Emater/RS-Ascar da região administrativa de Ijuí, Márcia Barboza Breitenbach.  “Questões como solo, manejo, pasto são extremamente importantes, mas as relações familiares também são constitutivas da gestão da propriedade e os extensionistas precisam falar sobre isso com os agricultores”, insistiu Sant’Anna.

Além de ter convidado o sociólogo da Embrapa, Márcia também apresentou uma reportagem sobre um garoto de dez anos que é estimulado pelos pais a ser um empreendedor rural. “Isso faz todo sentido, porque na medida em que o pai e o filho criam harmonia, isso é bom não só para o trabalho, mas para o ambiente de vida”, disse o agricultor Cláudio Bär, de Coronel Bicaco. “Isso de o filho ficar mendigando dinheiro já foi sucesso”, completou Bär.

O debate direcionou o olhar do grupo para os anfitriões. A jovem Tainara, de 13 anos, filha e Rosinha e João, já se deixou envolver pelas coisas do campo e admitiu que, futuramente, pretende gerenciar a produção de leite.  Quando isso ocorrer, Tainara deverá encontrar a propriedade em condições bem mais brandas do que há sete anos. Naquela época, não havia casa, nem galpão na propriedade arrematada pelos pais por R$ 40 mil, financiados em 17 parcelas, pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário. Para piorar, o solo cheio de pedras estava degradado pela erosão. “Eu perdi dois anos teimando em plantar soja”, lembrou João da Veiga.

As mudanças começaram a ocorrer a partir da assistência técnica recebida dos extensionistas da Emater/RS-Ascar, Vera Cereser da Silva e Arlindo de Almeida, respaldados pelo Programa de Desenvolvimento da Produção de Leite (PDPL), do município de Inhacorá. Os técnicos focaram, inicialmente, na adubação do solo. Com pouco dinheiro no bolso, João tomou a decisão de suspender a compra de ração e aplicar os cerca de R$ 300,00 mensais que sobravam na compra de adubo. Por orientação da Rede Leite, foram plantadas diversas forrageiras para alimentar o plantel leiteiro, como tifton, azevém, milheto, ervilhaca, aveia e trevo branco. Também foram construídos piquetes e, em função disso, o esterco depositado pelas vacas no local onde pastam tem dado excelente resultado no desempenho das plantas.  Os cerca de dois mil litros de leite, produzidos mensalmente por sete vacas, geram renda bruta de R$ 550,00. A meta para 2014 é dobrar essa produção.

João também tem se realizado profissionalmente com a produção de hortigranjeiros. “No começo, eu tinha vergonha de perguntar: quer comprar alface, quer comprar rúcula?”, lembrou. A produção de beterraba, rúcula, alface, repolho, entre outros, é irrigada e rende mensalmente R$ 800,00.

Ações de governo para a juventude

O sociólogo da Embrapa, Jorge Sant’Anna, lembrou que no final de setembro o Governador Tarso Genro se reuniu em Porto Alegre com um grupo de jovens. Na ocasião, Tarso Genro, acenou com a possibilidade de a terceira edição do Plano Safra contemplar reivindicações que forem encaminhadas pela juventude rural gaúcha.  

O interesse em melhorar a vida dos jovens que desejam permanecer no campo também tem pautado as ações da Emater/RS-Ascar. O presidente da Instituição, Lino De David, calcula que faltam sucessores em 42.500 das 378.546 propriedades de base familiar no Estado.

 

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